Seminário Rumo à Sustentabilidade “Lixo, Cidadania e Dignidade”

A Política Nacional de Resíduos Sólidos traz entre os seus principais aspectos a responsabilidade compartilhada; a logística reversa; os respectivos planos de gerenciamento de resíduos; a educação ambiental; a priorização pela não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final dos rejeitos, a inclusão social dos catadores com a sua valorização profissional, como ator prioritário na gestão integrada de resíduos sólidos. Aspectos esses, se atendidos gerará impactos positivos na qualidade de vida da população e significativas melhorias para o meio ambiente.

O Fórum Mato-grossense “Lixo e Cidadania” tem o papel de favorecer discussões em torno da questão dos resíduos sólidos – têm como objetivos: 

- Erradicar o trabalho infanto-juvenil nos lixões; 

- Buscar alternativas para o aumento de renda dos catadores de materiais recicláveis através do incentivo à coleta seletiva a ser implantada pelos municípios; 

- Contribuir para a cadeia produtiva da reciclagem; compartilhar com a sociedade a responsabilidade na gestão dos resíduos sólidos; 

- Contribuir para a reabilitação dos lixões por meio de estudos, pesquisas, novos modelos sócios produtivos e através de novas tecnologias. 

Registramos alguns avanços desse percurso no segmento, na ultima década e que indicam um arranjo de uma gestão voltada para a realização da cidadania daqueles que sobrevivem da catação no Brasil: 

Em esfera nacional: 

- Reconhecimento da profissão de catador, incluída em 2002, na classificação das ocupações no Brasil como catadores de materiais recicláveis. 

- Criação do Comitê Interministerial de Inclusão Social de Catadores de Lixo criado pelo Governo Federal em 11 de novembro de 2003, com representação dos catadores por meio do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis; 

- O Decreto 5.940, de 25 de outubro de 2006, que institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências; 

- A lei n° 11.445 (lei de Saneamento Básico) aprovada em 2007, que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis nºs 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências; 

- A Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências; 

- Decreto 7.404, de 23 de dezembro de 2010, que regulamenta a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências; 

- O Decreto 7405, 23 de dezembro de 2010, Institui o Programa Pró-Catador, denomina Comitê Interministerial para Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis o Comitê Interministerial da Inclusão Social de Catadores de Lixo criado pelo Decreto de 11 de setembro de 2003, dispõe sobre sua organização e funcionamento, e dá outras providências; 

- A Lei 12.375/2010 de 30/12/2010 – Arts. V e VI, dita que, os estabelecimentos industriais farão jus, até 31 de dezembro de 2014, a créditos presumidos do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, na aquisição de resíduos sólidos utilizados como matérias primas ou produtos intermediários na fabricação de seus produtos. 

Em esfera Estadual: 

- A Lei 7.862 de 19 de dezembro de 2002, que dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos e dá outras providências; 

- O Decreto 572 de 29 de julho de 2011, que institui a separação dos resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública estadual direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e cooperativas dos catadores de materiais recicláveis, e dá outras providências. 


A coleta dos materiais recicláveis que há décadas vem sendo realizada pelos catadores, tem despertado a cada dia, mais interesse por parte do setor privado ligados ao saneamento. Daí decorre a necessidade de se incentivar a implantação de Fóruns Municipais “Lixo e Cidadania”, no sentido de que uma articulação em rede de diversos atores, como governos, sociedade civil e iniciativa privada, contribuem para a mudança de cenário de degradação sócio ambiental no Estado e no País. 

É necessária grande mobilização social e vontade política dos gestores públicos para a implementação da Política de Resíduos Sólidos com a inclusão social dos catadores de materiais recicláveis. 

Nesse sentido é que promovemos o Seminário Rumo à Sustentabilidade “Lixo, Cidadania e Dignidade”. 



Terezinha Rodrigues da Silva
Coordenadora do Fórum Mato-Grossense
“Lixo e Cidadania” – SEMA/MT

Lixo e Entulho jogados em bueiros e bocas de lobo

Toneladas de lixo e entulho são jogadas diariamente em bocas de lobo e esgotos, pelas populações das grandes e médias cidades brasileiras. Tal comportamento vem sendo responsável pelos enormes problemas de saneamento enfrentados por órgãos responsáveis pela manutenção e conservação desses locais, principalmente nos períodos de chuvas intensas.


Diariamente mais de seis mil toneladas de lixo são retiradas das bocas de lobo pela manutenção da Novacap. Lixo jogado nas ruas e arrastado pelas chuvas ou jogado diretamente em bocas de lobo

Além da grande parte de entulho jogada diretamente em bueiros e bocas de lobo, é o absurdo volume de lixo lançado nas calçadas e valas, ou jogado de veículos em ruas e avenidas, que causam entupimentos, alagamentos e outros transtornos, após arrastado pelas águas das chuvas.

Em Brasília, órgãos responsáveis pela limpeza e manutenção do setor triplicam suas preocupações e afazeres durante o período das chuvas, praticamente por causa da quantidade de lixo levada pelas águas aos bueiros e esgotos.

Por isso a Administração de Brasília informa que já colocou em ação sua agenda de serviços para a chegada das chuvas, em parceria com a Novacap e SLU, tendo como principal missão das equipes a de desentupir bueiros.

Em Brasília, segundo a Novacap, diariamente são retiradas cinco toneladas de lixo e entulho das seis mil bocas de lobo existentes. Além de tirar lixo de esgotos, diz o informe, mais de 90 obras estão previstas no cronograma de um mutirão cujo objetivo é prevenir enchentes, queda de galhos de árvores e eventuais acidentes provocados pelas enxurradas, comuns com o retorno das águas.

Segundo o Ministério das Cidades, somente o fortalecimento da integração e articulação entre os mais de cinco mil prefeitos municipais poderá enfrentar essas situações cada vez mais graves no trabalho de drenagem urbana. Sobre o lixo jogado diretamente nos esgotos, o Ministério das Cidades garante que somente campanhas educativas poderão sensibilizar as populações das grandes cidades para mudar o quadro preocupante existente hoje.

Entre os dados preocupantes alertados por autoridades, está aquele que mostra que 81 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes despejam diariamente 5,9 bilhões de litros de esgoto sem tratamento algum, contaminando solos, rios, mananciais e praias.

Para completar o caos, pesquisa entre responsáveis por domicílios nessas cidades revelou que 31% da população desconhecem o que é saneamento e que somente 3% relacionam o setor com saúde. Ou seja, ignoram completamente que esgoto não tratado prejudica o meio ambiente e a saúde das pessoas e que sua contaminação pode causar doenças como cólera, difteria, tifo, hepatite e muitas outras.

Fonte: Blog do Joe

Reciclagem no Brasil


Nos últimos anos, o volume de lixo urbano reciclado no Brasil aumentou. Entre 2003 e 2008, passou de 5 milhões de toneladas para 7,1 milhões, equivalente a 13% dos resíduos gerados nas cidades, segundo dados do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre).

O setor movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano. Mesmo assim, o País perde em torno de R$ 8 bilhões anualmente por deixar de reciclar os resíduos que são encaminhados aos aterros ou lixões, de acordo com Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente. Isso porque o serviço só está presente em 8% dos municípios brasileiros

“Se os resíduos são misturados, em geral, apenas 1% pode ser reciclado. Se há a separação correta, o índice de aproveitamento passa para 70% ou mais”, explica a diretora-excutiva da Brasil Ambiental, Marialva Lyra. Ela destaca a importância da coleta seletiva para o processo da reciclagem.

Catadores

O Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) surgiu no final dos anos 90 e hoje está presente em praticamente todo território nacional por meio de 600 bases, entre associações e cooperativas, e de 85 mil catadores organizados.

“Noventa e nove porcento do material reciclável que vai para a indústria passa pelas mãos dos catadores organizados e não organizados”, relatou o articulador e um dos fundadores do movimento, Eduardo Ferreira de Paula, também secretário da Rede Latino Americana e do Caribe de Catadores.

O Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos de 2009, realizado pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, apontou que a participação das associações de catadores com apoio da prefeitura na coleta seletiva ocorre em 30% das cidades brasileiras. 

A lei 11.445 estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico e permite que as prefeituras contratem as organizações de catadores para fazer o trabalho de coleta seletiva. “Assim as cooperativas viram um negócio e não apenas uma atividade social”, afirma Eduardo Ferreira de Paula. 

Para a socióloga, Elisabeth Grimberg, coordenadora-executiva do Instituto Polis, as prefeituras são fundamentais. “O poder público municipal terá que investir e coordenar todo processo e implantar tecnologias voltadas para a reciclagem e co-implementar processos de integração dos catadores, associações e cooperativas”, afirma.

O alumínio é o campeão de reciclagem no País, com índice de 90%, segundo os Indicadores de Desenvolvimento Sustentável de 2010 do IBGE. Isso se deve ao alto valor de mercado de sua sucata, associado ao elevado gasto de energia necessário para a produção de alumínio metálico.

Para o restante dos materiais, à exceção das embalagens longa vida, os índices de reciclagem variam entre 45% e 55%. 



Fontes: